quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Da religião e do Estado

A alguns dias vi uma tira no Facebook que dizia mais ou menos assim: "O Estado dá imunidade tributária a igrejas, mas não à escolas e faculdades. Logo, o Estado incentiva que as pessoas sejam crentes ao invés de pensadores".

Pensei por algum tempo nesta declaração e decidi por escrever sobre ela, afinal sou crente E pensador.

Primeiramente devo salientar o fato de que a palavra "crente", utilizada neste texto não se refere somente ao ramo protestante do cristianismo, mas a todo e qualquer que professe uma fé.

Mas, voltando ao texto, é ruim ser crente? Melhor dizendo, é ruim o Estado incentivar seus cidadãos a serem crentes?

Vivemos em um Estado laico, ou seja, um Estado que não professa uma forma de fé em detrimento de outras. No Estado laico, não há ingerência do Estado nas igrejas em geral, nem das Igrejas no Estado.

É claro que a educação é a ferramenta mestre da emancipação intelectual de um povo, afinal, sem educação não passiaríamos de eternos subdesenvolvidos.

Meu ponto, contudo, vai um pouco mais além: ser um religioso (crente) é algo incompatível com o ser pensador (no sentido de educado)?

Pelo que conheço de meu credo, não! Muito pelo contrário!

Acredito que a religião pode sim, andar junto com a educação intelectual e moral dos povos, no sentido de tornar a sociedade um lugar melhor para todos.

Ora, vejam o seguinte: se todos fôssemos crentes, certamente viveríamos em tolerância mútua, uns com os outros, em amor fraternal. Assim sendo, não teríamos problemas em casa, devido aos desentendimentos familiares graves, como alcoolismo, violência doméstica, abuso contra crianças etc.

Na medida em que teríamos uma família estruturada e sólida, nossos relacionamentos com nossos vizinhos também seriam sólidos, baseados no respeito ao espaço do próximo. Desta forma, não ligaríamos o som do carro nas alturas, porque os outros não precisam ouvir a mesma música que eu ouço. Haveria respeito de uns pelos outros.

Extrapolando mais um pouco, como há respeito pela liberdade alheia, há também respeito à vida, o que tornaria, por exemplo, o trânsito mais gentil e solidário. Outra decorrência deste respeito seria a imensa diminuição de crimes, senão a sua total extinção.

Sem crimes, o Estado poderia reverter os milhões de reais gastos em segurança pública, para prover uma vida mais digna a aqueles que precisassem, poderia prover uma escola de qualidade, um sistema de saúde que primasse pelo respeito aos médicos, mas sobretudo aos pacientes.

Enfim, por mais que os ateus de plantão considerem a religião o "ópio do povo", se todos fossemos crentes, o mundo seria um lugar muito melhor para se viver.

Antes que digam que eu sou de alguma linha espiritualista, digo que sou cristão, pertenço a uma igreja de denominação batista, apoio a educação e amo meu país.