quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Comentários Bíblicos (Parte 3)

Olá para todos!

Hoje trataremos do tema "A Mensagem de Cristo", abordando a pessoa de Jesus e o que ele veio fazer.

Acredito que poucas figuras históricas sejam tão mal interpretadas como a de Jesus. Seus ensinamentos, sua doutrina, seu objetivo, seu ministério.

Pessoas ao longo de séculos vêm “forçando” Jesus a dizer o que eles querem que seja dito, torcendo as Escrituras a seu bel prazer, com fins escusos.

Hoje trataremos da Mensagem de Cristo, do que Ele quis nos ensinar, à luz das Escrituras e, se possível, desmistificar alguns mitos a respeito de seu ministério.

Pretendo continuar o formato de perguntas e respostas, porque creio ser o mais didático e informal possível.

Quero esclarecer desde já que o objetivo destes comentários não é de difamar ou atacar qualquer religião, seita, grupo ou organização, muito menos seus membros e praticantes. Antes, desejo poder tratar de forma generalizada sobre certos temas relacionados à religião em geral. Saliento que não desejo fazer exposições de aulas sobre Teologia, sendo mais uma espécie de conversa informal sobre o assunto. Aceito sugestões de temas.
A Mensagem de Cristo

Precisamos da Bíblia para saber quem é Jesus?

Sim. A Bíblia é o livro que possui não apenas o relato sobre a vida de Jesus (nascimento, vida, morte e ressureição), mas também o pano de fundo histórico que justifica Sua vinda e que fornece embasamento teológico para o tal.

Mas a Bíblia contém o único relato sobre Jesus?

Não. Outros escritos fazem referência direta, ou indireta, a Jesus. Contudo, as citações mais dignas de fidelidade são as contidas no texto bíblico.

Existem certos escritos chamados Apócrifos (sinônimo de Inautêntico), que trazem relatos sobre a vida e ministério de Jesus. Estes relatos não são dignos de serem utilizados como material e fonte histórica, porque são fantasiosos ou contradizem as Escrituras (no todo ou em parte).

Certo escritor e historiador judeu chamado Flávio Josefo, que viveu no século I A.D., relata em seu escrito “História dos Judeus”, a existência tanto de Jesus, quanto de Tiago, seu irmão.

Mas quem é Jesus?

De acordo com as Escrituras, Jesus é o Messias esperado pelo povo Hebreu, prometido desde a Queda da humanidade (Gênesis 3:15), profetizado pelos Profetas (Isaías 9:6), plenamente homem e plenamente Deus (João 1:1).

Ele nasceu ser humano na cidade de Belém, mudou-se para o Egito para fugir da perseguição de Herodes, o Grande, após a morte deste voltou para Israel, indo residir em Nazaré, até que ao completar 30 anos, dá início a seu ministério terreno.

Sua mensagem é revolucionária demais para os poderes constituídos, quem então tramam sua morte três anos depois. Ressuscita ao terceiro dia, sendo visto por diversas testemunhas ao longo de muitos dias, até que finalmente ascende aos céus no dia de Pentecostes (dia que marca o 50º dia após a Páscoa).

Ele é Deus, o Verbo incarnado (Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; João 14:1).

Qual é a mensagem de Jesus?

Jesus começou seu ministério terreno pregando o arrependimento dos pecados (Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus. Mateus 4:17).

Diferentemente do que esperavam os Judeus, o Messias não veio revolucionar o povo a se rebelar contra Roma, nem veio para tornar-se um líder político e assumir o reinado sobre Israel.

Jesus veio inaugurar um tempo diferente na História, um tempo em que o próprio Deus está conosco, um tempo em que a religiosidade vazia e mecânica dá lugar à adoração em espírito e em verdade (Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade. João 4:23-24).

Até o tempo de Jesus, não tínhamos o direito de chamar a Deus de Pai. Com Cristo, os que o aceitam passaram a ser filhos de Deus (Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem? Mateus 7:11; e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. João 20:17).

Mas não somos todos filhos de Deus, como diz o ditado?

Não, infelizmente.

Deus é o Criador, logo somos suas criaturas. Mas não somos qualquer criatura, antes somos a pérola da criação (E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. Gênesis 1:26), sendo os últimos a serem criados. Mas ainda assim isso não nos dá o direito de sermos chamados "filhos de Deus".

Ao longo do relato Bíblico, Deus é chamado de Senhor. Somente com Jesus Ele é chamado de Pai (Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.  Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Romanos 8:14-16).

Mas se Jesus é Deus, por que Ele veio ao mundo?

Conforme já foi dito nos outros posts, a Bíblia é composta por muitos livros harmônicos entre si. Existe um “sistema” por detrás dos textos sagrados, sistema este que os conecta e dirige para a figura de Cristo.

Jesus não veio para falar de “paz e amor”, não veio para julgar, não veio ser um sábio ou um profeta, não é um mestre iluminado, não atingiu o nirvana, não é um Buda ou a reencarnação de outrem.

Ele é Deus, e como Deus que é, é o único capaz de redimir a humanidade.

Vejam bem, existem movimentos na Bíblia, movimentos como as ondas no mar, que hora sobem e hora descem, mas que como toda onda invariavelmente chegam em terra firme.

Nas Escrituras, as “ondas” são o pano de fundo onde se desenrola o drama da humanidade: criação, queda e regeneração. Sem o entendimento desta questão, é impossível compreender o porque da vinda de Cristo, seu suplício e sua ressurreição.

Como já visto, as Escrituras atestam que o homem é um ser criado por Deus, criação esta pura e perfeita.

Ocorre que com a entrada do pecado no mundo, a relação direta do homem com Deus ficou prejudicada.

Ao longo da história, Deus projetou uma nação a partir da figura do patriarca Abraão, nação esta que foi chamada de Israel. Como toda nação, Israel também teve suas leis e regulamentos, mas diferentemente das demais nações do mundo, Israel recebeu suas leis do próprio Deus (leis civis, morais, religiosas, sanitárias etc.).  E nestas leis, mais precisamente no livro Levítico, está a determinação de que o pecado deve ser lavado com sangue de animais puros e sem defeitos.

Contudo, esta ordenança além de ser específica ao povo hebreu, não era capaz de apagar o pecado do homem de forma terminante, sendo necessária sua repetição contínua. É aí que entre a figura de Cristo.

Como o pecado entrou no mundo através do homem, era necessário que um homem fosse imolado para a expiação desse pecado, o que geraria duas questões complexas: encontrar um ser humano puro e o posteriror sacrifício desse ser humano.

Deus é terminantemente contra o sacrifício humano, sendo esse um dos motivos do juízo contra os povos de Canaã, que sacrificavam seus filhos a ídolos blasfemos. Por outro lado, a espécie humana estava contaminada pelo pecado, para sempre maculada, o que implicaria em dizer que não havia homem totalmente puro à disposição.

Por isso está escrito em João 3:14-19 “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más”.

Meus caros, Cristo sendo Deus não pode pecar, porque o pecado é a desobediência à Deus, nem nasceu com a mácula do pecado porque, acredito eu, sua essência divina é suficiente para a concepção livre do pecado.

Logo, Deus teve em Cristo a resposta para o problema do ser humano puro, aquele que poderia redimir a humanidade. Mas ainda havia outro problema: o do sacrifício.

Cristo não foi imolado como os sacrifícios convencionais da religiosidade judaica, antes, viveu entre nós, sofreu nossas dores, nossas limitações, se compadeceu de nossa miserabilidade e a si mesmo se ofereceu “Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la.  Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai.” (João 10:17-18).

Este, meus caros, é o plano da salvação.

E o que é preciso para ser salvo?

Primeiro é preciso crer em Cristo, crer que Ele é Deus e que seu sacrifício é suficiente para perdoar seus pecados (sim, você tem pecados, lamento te dizer).

Segundo, é preciso aceitar em sua vida o sacrifício de Cristo. Não basta apenas saber. É preciso aceitá-lo como Senhor no coração.

Simples assim!

Mas é só isso? Posso continuar vivendo do mesmo jeito que eu venho vivendo a minha vida?

Na maioria das vezes, não. Lamento, mas explico o porquê.

Todo aquele que aceita a Cristo como Senhor e Salvador, deve nascer de novo. Este nascimento não é um nascimento físico, nem base para doutrina de reencarnação. Antes é um nascimento espiritual, de um novo homem, um homem segundo o coração de Deus.

Esse nascimento implica em se tornar uma nova criatura, uma que não é mais regida pelos seus próprios interesses e pelos impulsos egoístas.

Mas o que preciso mudar em minha vida? Nunca roubei ou matei!

Roubar e matar são exemplos muito extremos. Pense em coisas menores, pense nas mentiras, fofocas, traições conjugais, iras, indiferença, bebedeiras, comilanças, avareza, luxúria, no troco errado e que você “espertamente” embolsou, enfim, todos esses “pecadinhos” que cometemos aos baldes ao longo de nossos dias.

Sim, eles fazem de você tão culpado e pecaminoso quanto ao homicida e ao ladrão.

E sim, para ser cristão você deve andar no caminho estreito. Não existe um “caminho do meio”.

Mas se é assim, qual o parâmetro que devo usar para pautar minha vida?

Um bom começo é ler o Sermão do Monte, que está contido nos capítulos 5 a 7 do Evangelho de Mateus. Ali existe uma excelente fonte de orientação para o viver cristão, contendo informações sobre vida piedosa, vaidade, retribuição, tratamento de inimigos etc.

Mas se você perceber bem, tudo pode ser resumido em “Amarás teu próximo como a ti mesmo, e a Deus acima de todas as coisas”. Desta frase decorrem a Lei e os Profetas. Ela é a concretização da fé cristã, e o objetivo de todo cristão verdadeiro.

Ah se seguíssemos as palavras de Cristo, este mundo seria muito melhor! Sem contendas, sem vaidade, sem miséria, sem fome, sem erro, sem divisões, viveríamos efetivamente o Reino de Deus na terra.

Bibliografia

http://marceloberti.wordpress.com/2011/04/29/josefo-e-a-historicidade-de-cristo/
http://www.bibliaonline.com.br
http://www.chamada.com.br